Elon Musk completou a aquisição do Twitter por US$ 44 bilhões (cerca de R$ 235 bilhões), de acordo com veículos da imprensa internacional e de um investidor da empresa.
Vários executivos do alto escalão, incluindo o CEO da empresa, Parag Agrawal, acabaram demitidos.
Agrawal e outros dois executivos foram escoltados para fora da sede do Twitter na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, divulgou a Reuters.
O diretor financeiro Ned Segal e o principal executivo jurídico da empresa, Vijaya Gadde, estão saindo ao lado de Agrawal, segundo relatos da mídia americana.
Enquanto isso, Bret Taylor — que atuava como presidente do Twitter desde novembro do ano passado — atualizou o perfil no LinkedIn para indicar que não está mais no cargo.
A conclusão da compra ocorre depois de uma saga que incluiu o Twitter acionando a Justiça para manter de pé os acordos com Musk, que por um período tentou escapar do negócio.
O empresário tuitou na manhã da quinta-feira (27/10) que seu objetivo ao comprar a plataforma não é ganhar dinheiro, e sim ajudar a humanidade, fazendo com que a civilização tenha “uma praça digital comum”.
No início desta semana, o bilionário postou no Twitter um vídeo de si mesmo entrando na sede do Twitter carregando uma pia de cozinha e a legenda: “Let that sink in!”. Pia em inglês é “sink”, e a expressão “sink in” quer dizer algo como “cair a ficha” — então a legenda quis dizer algo perto de “Vamos fazer cair a ficha”.
Musk também mudou a descrição do seu perfil no Twitter para “Chief Twit” (“Chefe Twit”).
Muitos analistas dizem que o preço que Musk está pagando pelo Twitter é muito alto, considerando a queda nos valores de ações do ramo da tecnologia e as dificuldades da rede social em atrair mais usuários e se expandir.
Em uma recente teleconferência, o empresário, também fundador da Tesla, disse que o Twitter é “um ativo que meio que definhou por muito tempo, mas tem um potencial incrível, embora obviamente eu e os outros investidores estejamos pagando demais pelo Twitter agora”.
Longo caminho para um acordo
Os primeiros investimentos de Musk no Twitter escaparam inicialmente da atenção do público. Em janeiro, ele começou a fazer compras regulares de ações, de modo que, em meados de março, já tinha acumulado uma participação de 5% na empresa.
Em abril, foi revelado que ele era o maior acionista do Twitter e, no final do mês, um acordo foi finalmente alcançado para a compra da empresa, por US$ 44 bilhões.
O bilionário disse que planejava remover contas spam da rede social e preservá-la como um local para a liberdade de expressão.
Mas em meados de maio, Musk, um prolífico usuário do Twitter, começou a mudar de ideia sobre a compra, citando preocupações de que o número de contas falsas na plataforma fosse maior do que o Twitter havia informado anteriormente.
Em julho, ele anunciou que não queria mais adquirir a empresa. O Twitter, no entanto, argumentou que o bilionário estava legalmente comprometido em seguir com o negócio.
Para mantê-lo no acordo, o Twitter acabou entrando na Justiça.
No início de outubro, Musk retomou seus planos de aquisição da empresa com a condição de que os processos judiciais fossem interrompidos.
Mudanças à frente
Musk, um autodenominado “absolutista da liberdade de expressão”, tem criticado as políticas de moderação do Twitter.
Alguns usuários, principalmente os da direita norte-americana, argumentam que as vozes conservadoras são censuradas na plataforma, algo que o Twitter tem negado.
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, continua banido da plataforma — uma decisão que Musk disse anteriormente ser “tola” e que ele reverteria.
Mas outros temem que o relaxamento nas políticas de moderação abram caminho para a proliferação do discurso de ódio.
Em um tuíte endereçado aos anunciantes da rede social, Musk disse que a plataforma deve ser “quente e acolhedora para todos”.
Foi amplamente divulgado que, uma vez proprietário da plataforma, Musk conduziria grandes cortes de pessoal. No entanto, a Bloomberg informou que, em uma reunião com funcionários, o bilionário negou que cortaria 75% da equipe.
Esses relatórios sobre os cortes eram “imprecisos”, disse à BBC News Ross Gerber, presidente e CEO da consultoria de investimentos Gerber Kawasaki, que também é acionista do Twitter e da outra empresa de Musk, a Tesla.
“Há muitas pessoas talentosas no Twitter, especialmente no lado da engenharia, e eles querem reter o máximo possível desse talento”, disse Gerber.
“Na verdade, o que eles estão vendo do lado do corte é a parte administrativa [e] eles já começaram com os executivos”, afirmou Gerber. O porta-voz avalia que os cortes provavelmente se estenderão aos gerentes “e aos produtos nos quais eles estão trabalhando e que não vão a lugar nenhum”.
Mas trabalhar no Twitter também pode se tornar mais desafiador. O fundador da Tesla tuitou anteriormente que os funcionários devem se preparar para princípios no ambiente de trabalho “extremos”.
O empresário também postou que seus planos para o Twitter incluem o “X, um aplicativo para tudo”.
Alguns interpretam que isso pode ser algo como o aplicativo WeChat, uma espécie de “superaplicativo” que incorpora diferentes serviços, incluindo mensagens, mídia social, pagamentos e pedidos de comida.
Fonte: BBC News | Brasil
Fotografia: AFP