Os detalhes do acordo econômico anunciado por Biden e Sunak

As empresas do Reino Unido podem obter acesso a bilhões de dólares em financiamento verde após acordos anunciados nesta quinta-feira (8/6) pelo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

A Declaração do Atlântico deve permitir às empresas britânicas de carros elétricos o acesso a novos créditos e subsídios fiscais verdes dos EUA, intensificar a cooperação em inteligência artificial, além de incluir um acordo de proteção de dados.

As medidas podem estar sujeitas à aprovação do Congresso e a acordos estaduais nos EUA para algumas áreas.

A parceria ocorre após as esperanças de um acordo de livre comércio completo serem abandonadas.

Sunak disse que o acordo “estabelece um novo padrão para a cooperação econômica”.

“Por um tempo, isso não foi uma prioridade, nem para os EUA, nem para o Reino Unido”, disse o primeiro-ministro britânico, durante viagem de avião para Washington.

Dezenas de milhares de pequenas empresas britânicas poderiam se beneficiar com o acordo, que remove restrições comerciais.

“Não tenha dúvidas, a relação econômica entre nossos dois países nunca foi tão forte”, disse Sunak, durante coletiva de imprensa ao lado de Biden.

Sunik falando com Joe Biden durante encontro na Casa Branca, nos Estados Unidos
Acordo pode beneficiar 55 mil empresas do Reino Unido, com um impacto direto de mais de R$ 570 milhões – REUTERS

O acordo atenuaria parte do impacto da Lei de Redução da Inflação dos EUA (IRA, na sigla em inglês) na economia do Reino Unido.

A principal política do governo Biden está focada no fortalecimento do mercado interno de energia dos Estados Unidos e inclui US$ 370 bilhões (R$ 1,8 trilhão) para impulsionar a produção de tecnologia verde.

De acordo com a política atual, o IRA oferece crédito fiscal no valor de US$ 3.750 (R$ 18,5 mil) para cada veículo elétrico fabricado nos EUA ou que use componentes extraídos, processados ou fabricados no país.

O Reino Unido já é um exportador líquido de matérias-primas para baterias de veículos elétricos para os EUA. Mas países sem um acordo comercial com os EUA estão impedidos de acessar os subsídios do IRA.

A Declaração do Atlântico prevê que o Reino Unido e os EUA trabalhem em um novo Acordo de Minerais Críticos — que daria aos compradores de veículos feitos com minerais críticos processados, reciclados ou minerados por empresas do Reino Unido acesso a créditos fiscais.

A declaração diz que o acordo seria lançado após consulta ao Congresso dos EUA.

O Japão já tem um acordo semelhante, que permite que as empresas japonesas também evitem tarifas de exportação de minerais usados na produção de baterias de veículos elétricos.

A declaração também inclui um compromisso com uma “nova ponte de dados Reino Unido-EUA”, que permitiria às empresas do Reino Unido transferir dados livremente para organizações americanas certificadas sem pagar taxa.

O governo britânico estima que a mudança afetará cerca de 55 mil empresas do Reino Unido — traduzindo-se em 92,4 milhões de libras esterlinas (R$ 571 milhões) em economia direta por ano.

Biden também apoiou os planos de Sunak de estabelecer uma cúpula internacional sobre segurança de inteligência artificial, que será realizada no Reino Unido ainda este ano.

“O Reino Unido e os EUA sempre ultrapassaram os limites do que dois países podem alcançar juntos”, disse o primeiro-ministro britânico.

“Portanto, é natural que, diante da maior transformação em nossas economias desde a revolução industrial, olhemos uns para os outros para construir juntos um futuro econômico mais forte”, completou Sunak.

“A Declaração do Atlântico estabelece um novo padrão para a cooperação econômica, impulsionando nossas economias para o futuro, para que possamos proteger nosso povo, criar empregos e desenvolver nossas economias juntos.”

Tanto Biden quanto Sunak concordaram em trabalhar para melhorar a resiliência das cadeias de suprimentos e intensificar esforços para manter a Rússia de Vladimir Putin fora do mercado nuclear civil global.

Fonte: BBC News | Brasil
Fotografia: REUTERS

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